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06 fevereiro 2011

FIM DOS ENDEREÇOS DE CONEXÃO À WEB COLOCA EM RISCO CRESCIMENTO DA INTERNET


Até o final deste ano, em alguma parte do mundo, os endereços de internet como existem hoje, devem chegar ao fim. Os domínios, aquilo que aparece depois do “www”, não serão afetados, mas sim os IPs – protocolos de internet responsáveis por criar ligações entre diferentes redes de computadores e outros aparelhos de acesso à internet, além de possibilitar a intercomunicação entre as máquinas.
Também não há chances reais de acontecer uma pane no acesso à web, mas a demora na migração para uma tecnologia substituta pode frear o atual ritmo de crescimento da internet. 

O IP é o identificador da conexão e é importante para que o aparelho (computador, notebook, smartphone ou tablet) que acessa a rede seja localizado. Cada vez que algum dispositivo se conecta à web é gerado um número de IP. O grande problema é que as combinações numéricas chegaram ao fim. 

Quase todos os 4 bilhões de conjuntos de números possíveis de IPv4 , o nome dado ao sistema que define a sequência de números, já foram distribuídos pelo Iana (Internet Assigned Numbers Authority), uma associação internacional que entrega blocos numéricos de IPv4 para cinco entidades regionais. 

No passado, a limitação do IPv4 nem preocupava tanto quanto hoje, porque na década de 70, quando o sistema foi criado, a internet era usada praticamente entre instituições de pesquisas. Era impossível imaginar que, 40 anos depois a web fosse tão presente no dia a dia de milhões de pessoas. Além disso, o acesso à web por dispositivos móveis, como laptop, netbook e celulares, aumentou o uso de endereços IP. 

Cada país tem um órgão que funciona como gerente dos endereços e pede à sua respectiva entidade regional a liberação das combinações para, mais tarde, entregar as numerações para provedores de acesso à internet. 

Nesta semana, a Iana atendeu a uma solicitação de uma dessas cinco grandes associações, a APNIC, administradora dos IPs de países asiáticos e da Oceania. Foram dois lotes, dos sete últimos que sobraram do estoque de IPv4. 

Com apenas cinco blocos de IPv4, chegou-se à “fase de exaustão”, segundo a própria Iana. Isso significa que esses blocos foram automaticamente divididos em cinco partes iguais e distribuídos entre as cinco grandes entidades. Essa regra serve para que nenhuma dessas regiões fique, pelo menos nos próximos meses, sem endereços IPv4 para distribuir. 

Isso evita que uma região onde a quantidade de acessos cresce mais do que nas outras, como é o caso da Ásia, levasse a maior fatia de endereços, deixando o restante do mundo sem combinações. 

A divisão dos últimos blocos mostra que cada uma das cinco entidades vai ter de administrar a sua fatia até que ela termine, o que deve acontecer primeiro na própria Ásia. 

A partir de agora, no Brasil e no mundo todo, mas principalmente os países asiáticos, começa uma corrida contra o tempo. A saída é outra tecnologia chamada de IPv6, já em teste em muitos lugares. 

Antonio Moreiras, coordenador do projeto IPv6.br, que planeja a implantação do substituto do IPv4 no Brasil, explica que é um exagero relacionar o fim da atual tecnologia de endereços de acesso a uma pane geral na web.

- Não há risco de pane nem de fim da internet. O risco que se corre é de fazer com que a internet continue crescendo, de colocar novos serviços e novos usuários. Uma vez que não haja IPv4, ou se usa o IPv6 ou então faz alguns “truques” de IPv4 para compartilhar o seu número, mas essa tecnologia às vezes traz problemas. 

A vantagem é que o IPv6 usa um sistema de números em que podem ser combinadas 34 undecilhões – o mesmo que 340 seguido por 36 zeros – de formas diferentes, o que praticamente afasta qualquer problema futuro de esgotamento.

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